Amazônia em chamas: 5 coisas que você precisa saber

© Flavio Forner

O céu de São Paulo, maior cidade do Brasil, escureceu no meio da tarde, nesta semana, enquanto a maior floresta tropical do mundo se viu no meio de uma crise ecológica – e cada vez mais política. 

Listamos abaixo o que você precisa saber sobre a Amazônia e por que há motivos para manter a esperança. 

1. A Amazônia corre o risco de atingir um momento crítico e devastador.

Cientistas estão sinalizando que o desmatamento na Amazônia está levando a região para um momento crítico , no qual a floresta se transformará gradativamente numa savana seca e as ações humanas não serão capazes de reverter isso. Uma vez degradada, a floresta perderá sua capacidade de produzir sua própria chuva, o que fará com que a floresta tropical deixe de existir. Ao invés da abundância da vida selvagem, a Amazônia seria uma extensão desolada de matagais. 

Parece assustador? E é. Felizmente, acontecimentos em outros lugares da Bacia Amazônica - 40% dos quais em outros países fora do Brasil - oferecem razões para mantermos a esperança. 

© Luana Luna

2. Um país lidera o grupo

Depois de sair de décadas de instabilidade nas políticas de conservação da natureza, a Colômbia tornou a proteção de suas florestas uma peça central para os planos de futuro do país.

Nos últimos anos, a Colômbia adotou medidas para manter as florestas tropicais em pé. Criou um imposto sobre carbono e também um mercado de compensação de emissões de CO2 – para que efetivamente os poluidores, junto com o programa de compensação pudessem comprar créditos que contribuem para a diminuição da poluição na atmosfera e conservam as florestas. 

"Sem depender de outras instituições ou países doadores, o imposto sobre carbono da Colômbia já está gerando fundos de cerca de US$ 250 milhões", disse Sebastian Troëng, vice-presidente executivo da Conservação Internacional.

Esse valor é maior do que o gerado por todo o mercado global voluntário de carbono, em 2016, e resultou em mais demanda por conservação florestal do que o mercado atualmente pode fornecer. Além de servir como um modelo para outros países implementarem em seu sistema econômico.

Tröeng completa: "Imagine o que outros países como a Indonésia e a África do Sul poderiam fazer. Isso muda a dinâmica e permite que os países experimentem novos modos de atuação sem esperar por negociações globais ou doadores.”

Muitas das verbas provenientes dos impostos sobre o carbono estão sendo direcionadas para atividades de conservação de áreas protegidas da Colômbia, em ações de restauração florestal e na resolução de problemas como a erosão costeira, além de outras atividades. 

© INVEMAR-Fundación Natura

3. Áreas protegidas estão florescendo

Tendo estabelecido uma área protegida de 8.991 km² na Amazônia no ano passado, o Peru está agora procurando maneiras inovadoras de financiar seus parques nacionais em parceria com comunidades locais, povos indígenas e investimentos públicos e privados, incluindo a venda de créditos de carbono.

A Bolívia, por sua vez, declarou recentemente uma área protegida de cerca de 14.000 km², em um extenso canto da Amazônia. Esta área protege uma gama de florestas tropicais intactas, savanas intocadas e mais de 20 espécies selvagens ameaçadas de extinção. Embora a maioria das áreas protegidas seja criada por governos nacionais, esta foi notável porque foi estabelecida no nível municipal e conduzida pelas comunidades locais. A Conservação Internacional na Bolívia ajudou a assessorar o governo local na criação dessa área protegida.

“A Área Protegida de Bajo Madidi foi um fundamental acréscimo ao sistema de áreas protegidas na Bolívia”, disse Eduardo Forno, diretor nacional da Conservação Internacional na Bolívia. “Esta nova área conecta 2,9 milhões de hectares de terras indígenas tituladas, com mais de 6 milhões de hectares das áreas protegidas com maior biodiversidade do mundo.”

Luciano Candisani/iLCP

4. O desenvolvimento “verde” está criando raízes

Os menores países da região amazônica estão assumindo a liderança na transição de partes de suas economias para economias baseadas no desenvolvimento “verde”.

A Guiana possui um dos maiores trechos remanescentes de floresta tropical intacta, cobrindo cerca de 85% do país. O governo está empenhado em transformar uma economia baseada na mineração para uma baseada no desenvolvimento de baixo carbono, principalmente adotando meios alternativos de subsistência para a mineração de ouro, que devastou partes das florestas do país. A Conservação Internacional no país contribuiu com US$ 3,5 milhões para um Fundo Fiduciário de Conservação na Guiana para ajudar a garantir que essas florestas permaneçam protegidas.

O vizinho Suriname também está trabalhando incansavelmente para proteger suas florestas. Para ajudar na conservação da Reserva Natural do Suriname Central, um Patrimônio Mundial da UNESCO, frente a extração ilegal de madeira e mineração, a Conservação Internacional do Suriname foi direto à fonte: as comunidades que vivem nos arredores do parque. Sob um acordo com os povos indígenas locais Matawai, uma área de conservação e zona de amortecimento de 71.000 hectares foi estabelecida junto à reserva. Este acordo procura conservar a floresta comunitária do Matawai, permitindo que os residentes locais tenham ganho econômico sustentável a partir da floresta, de uma forma que mantenha intacta a sua floresta e não comprometa seus meios de subsistência tradicionais.

Enquanto isso, o Equador, que abriga a região mais biodiversa de toda a floresta amazônica e está na ponta dos incentivos financeiros para a conservação florestal, agora está colhendo os frutos dos seus esforços de conservação. No mês passado, o país recebeu quase US$ 20 milhões do Fundo Verde para o Clima por ter diminuído sua taxa de desmatamento pela metade nas últimas duas décadas.

© Pete Oxford/iLCP

5. Podemos estar aflitos. Mas não vamos desistir. 

"Os pessimistas nunca fazem nada", disse o CEO da Conservação Internacional, M. Sanjayan, em uma ampla entrevista à emissora americana C-SPAN. É natural desanimar pelas manchetes, ele disse aos telespectadores: "Somos todos parte do problema, mas nós também podemos fazer parte da solução”. 

© Luana Luna

*Tradução Thiago Camara.