PAPARAZI DA VIDA SELVAGEM

UMA TECNOLOGIA PARA MONITORAR A BIODIVERSIDADE DE UMA DAS REGIÕES MAIS RICAS DA AMAZÔNIA

 

 

 Em uma das regiões mais ricas em biodiversidade na Amazônia e das mais devastadas da região, uma colaboração entre terceiro setor, iniciativa privada e academia está ajudando a monitorar a biodiversidade e registrar espécies como há décadas não se via.

O Centro de Endemismo de Belém (CEB) recebe esse nome por uma razão. Formado por 128 municípios entre os estados do Pará e Maranhã, o CEB é considerado um dos territórios mais ricos em biodiversidade na Amazônia, mas está criticamente ameaçado. Região mais antiga de colonização da Amazônia brasileira, 70% das florestas da região já foram devastadas para dar lugar a cidades, agricultura desordenada e pecuária extensiva.

As consequências dessa devastação impactam não apenas as comunidades locais, os serviços ecossistêmicos e o clima, mas também afetam a fauna da região. Apesar de todos esses desafios, uma colaboração entre a Conservação Internacional, a Agropalma e a Universidade Federal do Pará para o monitoramento da biodiversidade em fragmentos de floresta da empresa e seus parceiros, revelou em 2023 resultados surpreendentes com animais que há décadas não eram avistados na região, espécies raras com hábitos pouco conhecidos e encontrando até uma espécie de ave ainda não descrita formalmente pela ciência.

 

IMAG0070-(Passalites-nemorivaga-)

 

O MONITORAMENTO EM NÚMEROS

 

10

expedições de monitoramento

388

espécies registradas

249

aves


68

peixes

29

mamíferos

22

espécies ameaçadas de extinção


11

espécies endêmicas do CEB

04

espécies de aves raras com hábitos poucos conhecidos

01

espécie de ave ainda não descrita formalmente pela ciência

 

 

UMA IMAGEM MUITO RARA

Conseguir uma foto do Macaco-prego-kaapori ou Caiarara (Cebus Kaapori) não é coisa simples. A espécie criticamente ameaçada de extinção já fez parte da lista que espécie nenhuma deveria fazer parte: um dos cinco primatas mais ameaçado de extinção na região dos trópicos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“Com a pressão exercida pelo avanço do desmatamento em fragmentos florestais, muitos animais acabam migrando para as reservas protegidas, como a área sob responsabilidade da Agropalma e as terras de seus agricultores parceiros, em busca condições para sobreviver.

Por isso também, essas áreas são fundamentais para a conservação dos ecossistemas e manejo da paisagem, visto que funcionam como ilhas de refúgio para a vida e a reprodução dessas espécies”, destaca Karoline Marques, da CI-Brasil.

 

paparazi-1
paparazi-1
paparazi-1
paparazi-1

Além do Caiarara, entre as espécies de mamíferos ameaçadas registradas no monitoramento estão o Tatu-canastra (Priodontes maximus), Cachorro-vinagre (Speothos venaticus) e a Anta-brasileira (Tapirus terrestres). Entre as aves, o Mutum-pinima (Crax fasciolata pinima) foi registrado pela primeira no Pará em 44 anos e outras espécies raras como Haematoderus miliaris, Periporphyrus erythromelas, Taeniotriccus andrei também foram vistas.

"O monitoramento de fauna nas reservas florestais da Agropalma existe há mais de 15 anos, e tem relevância para a produção da palma sustentável. Os dados dos monitoramentos servem como bioindicadores ambientais, e por meio deles podemos avaliar a eficácia do nosso Programa de Proteção Florestal. Exemplo; a presença e permanência de 40 espécies de animais ameaçados de extinção, como o Cebus Kaapori, avistado na última campanha, entre outros animais do topo da cadeia alimentar, como a onça parda e onça pintada, são indicadores positivos de que a área protegida está cumprindo sua função de ser um habitat seguro para que as mais de mil espécies de fauna registradas até hoje, possam se reproduzir e viver”, afirma Wander Antunes do departamento Socioambiental da Agropalma.