NAS MARGENS DO RIO XINGU

 

 

Em uma região de transição entre a Amazônia e o Cerrado, o corredor do Xingu é uma barreira contra o avanço do desmatamento.

Uma vastidão com 28 milhões de hectares de floresta Amazônica e Cerrado que abriga 26 povos indígenas, comunidades locais e nove unidades de conservação. Esse é o tamanho do corredor do Xingu, onde atua a Rede Xingu +, da qual a Conservação Internacional faz parte desde 2022.

Formada por mais de 25 organizações representativas de povos indígenas, comunidades ribeirinhas e por organizações do terceiro setor, a Rede Xingu+ trabalha para promover a conservação da natureza na região e o bem viver dos povos. Com diversas frentes de atuação, - manejo sustentável, fortalecimento das cadeias produtivas, a proteção dos territórios e a valorização do conhecimento tradicional das comunidades locais-, a Rede também busca promover a articulação política entre os povos para enfrentar os desafios socioambientais da região, tais como o desmatamento e garimpo ilegais, grilagem de terra e a construção de estradas, ferrovias e hidrelétricas.

 

 

© LUANA LUNA
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© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO
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“O corredor do Xingu é extremamente importante do ponto de vista sociocultural e ambiental. Os povos indígenas e as comunidades locais carregam um patrimônio cultural insubstituível. Além disso, a relação não predatória com a natureza, promove ilhas em que a biodiversidade prospera. Por tudo isso, para a Conservação Internacional, é fundamental apoiar a articulação de coletivos como a Rede Xingu+”, afirma Renata Pinheiro, Diretora de Povos Indígenas e Comunidades Locais da CI-Brasil.

No ano de 2023, a equipe de Renata esteve mobilizada para construir um projeto voltado ao fortalecimento da gestão territorial da Bacia do Rio Xingu, que resultou em recursos para secretaria executiva da Rede Xingu+, que atualmente é exercida pelo Instituto Socioambiental (ISA).

 

AS RIQUEZAS DO CORREDOR DO XINGU*

  • 0.48% de desmatamento no corredor nos últimos 10 anos contra 7.79% na região do entorno
  • 881 bilhões de litros de água. Essa é a capacidade de produção dos rios voadores do corredor do Xingu por dia
  • 26 povos indígenas e centenas de comunidades ribeirinhas com cultura, línguas e organizações sociais e políticas diversas
  • 9 unidades de conservação
*fonte: Rede Xingu +

 

© LUANA LUNA
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A CI-Brasil atendeu ao chamado de Raoni Metuktire e Tapi Yawalapiti e para o fortalecimento da gestão territorial na Bacia do Xingu.

Em 2023, a Conservação Internacional encerrou com relevantes resultados o projeto “Fortalecimento da Gestão Territorial Indígena na Bacia do Rio Xingu”, voltado para ações de proteção do território e fortalecimento das organizações indígenas Instituto Raoni e Instituto Aritana. Financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), a oportunidade surgiu após conversa entre os líderes indígenas Raoni Metuktire e Tapi Yawalapíti e com o governo francês em 2019.

O projeto tinha como fim promover a conservação da biodiversidade e da floresta amazônica, fortalecendo a capacidade dos povos Kayapó e do Xingu de gerir seus territórios de forma autônoma e sustentável. Como é de costume nos trabalhos da CI-Brasil, ele começou em 2019 com o processo de consulta dos povos envolvidos na atividade para entender e determinar que tipos de ações seriam executadas.

© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO
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"O projeto demonstrou impacto positivo na promoção da conservação da natureza, no fortalecimento da gestão territorial indígena e da geração de renda nas comunidades na região do Xingu, destacando a importância da colaboração entre organizações, comunidades indígenas e parceiros para enfrentar os desafios ambientais e sociais na região. Para a gente também é importante destacar que o projeto teve um forte componente de potencializar a participação e formação de jovens e mulheres em eventos e oficinas", afirma Renata Pinheiro, a Diretora do Programa de Povos Indígenas e Comunidades Locais da CI-Brasil.

O plantio em roças tradicionais e implementação de sistemas agroflorestais, apoio à produção de farinha de mandioca, através do fortalecimento das casas de farinha nas aldeias com maior população, a coleta de cumaru, a produção de arte indígena, intercâmbios e formações de qualificação para a autonomia das comunidades envolvidas, estão entre as entregas do projeto. Em relação à proteção territorial, 26 atividades de monitoramento territorial foram realizadas, incluindo expedições nos limites da Terra Indígena Capoto Jarina e à brigada de prevenção de incêndios florestais das Terras Indígenas Capoto Jarina e do Xingu.

O fortalecimento político e institucional foi o terceiro componente do projeto, que possibilitou o apoio à participação política de lideranças em encontros de grande importância para a discussão de direitos indígenas como acampamento Terra Livre (2021 -2022), o levante pela terra, a II marcha das mulheres indígenas e as assembleias gerais do Instituto Raoni em 2021 e 2023.

 

 

 

Fortalecimento cadeias produtivas

  • Apoio para o plantio em roças tradicionais e implementação de sistemas agroflorestais
  • Apoio à produção de farinha de mandioca
  • Apoio à coleta de cumaru
  • Apoio ao artesanato
  • Segurança alimentar e nutricional
  • Oficina para conserto de motores de barcos



Monitoramento territorial

  • Apoio aos brigadistas.
  • Realização de expedições fluviais no rio Xingu e rio Corgão.
  • Realização de expedições monitoramento de pontos vulneráveis nos limites da TI Capoto / Jarina e Menkragnoti.
  • Acompanhamento e monitoramento das expedições territoriais.
  • Compra de equipamentos para o monitoramento territorial.
  • Revitalização de Postos Indígenas de Vigilância (PIVs).
  • Promover ações de monitoramento territorial com agentes ambientais, brigadistas e órgãos de controle.



Fortalecimento institucional

  • Articulação entre as comunidades indígenas, no âmbito regional e nacional.
  • Apoio a participação de representantes Kayapó em fóruns e instâncias voltadas a defesa de direito dos povos indígenas e seus territórios.
  • Apoio para consultas, planejamento das atividades e participação nas decisões junto ao IR.
  • Contratação de empresa para manutenção do edifício do Instituto Aritana.
  • Compra de equipamentos para o Instituto Aritana.
  • Realização de assembleias e reuniões estratégicas com as lideranças.
  • Promoção de reuniões estratégicas com diretoria do instituto.
  • Formação de jovens comunicadores.



Fortalecimento da cultura xinguana

  • Organização da marca do instituto com estruturação do site instituto com e-commerce.