APOIANDO MULHERES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA

 

 

Economia, liderança e conhecimento indígenas, restauração, gestão territorial, soberania alimentar e plantas medicinais. Esses são os temas abordados nos projetos executados no Brasil pelas 15 mulheres que já passaram pelo Programa de Mulheres Indígenas da Amazônia, desde a criação em 2021. Nesse tempo, além dos resultados alcançados nos projetos individuais, o programa também registrou entre as participantes um aumento na confiança e autoestima, maior influência e reconhecimento no papel de líder que essas mulheres exercem e o ganho de habilidades financeiras e de gerenciamento de projetos. Para as comunidades engajadas, foram registrados relatos de recuperação de conhecimentos ancestrais e uma maior troca e diálogo entre jovens e anciões.

O programa de Mulheres Indígenas da Amazônia é uma iniciativa do projeto Nossas Futuras Florestas - Amazônia Verde, implementado pela Conservação Internacional em parceria com a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) e financiado pelo governo francês. 

 

O programa em dados no Brasil:

  • 15 mulheres participantes e influenciando a tomada de decisão 
  • 17 Terras Indígenas representadas (entre demarcadas e não homologadas)
  • R$ 792 mil em financiamento para projetos liderados por mulheres indígenas

 

 

 

Conheça as bolsistas de 2023 do programa 

 

© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO

WATATAKALU YAWALAPITI 

Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso 

Projeto: Revitalizar a língua Yawalapiti criando um dicionário e gravação dos cânticos tradicionais.     

Liderança do povo Yawalapiti, um dos 16 povos do Parque Indígena do Xingu, Watatakalu é uma ativista e defensora da Amazônia reconhecida internacionalmente. 

A família de Watatakalu é única que conta com crianças que falam a língua yawalapiti. Para não deixar a língua cair no esquecimento, Watatakalu consultou os anciões falantes da língua para registrar um dicionário, além de gravar músicas e histórias. 

"É incrível como a língua é rodeada de afeto. Existem muitos poucos falantes da língua Yawalapíti e, embora eu fale com meus filhos na língua, as crianças nunca tinham ouvido nenhuma outra pessoa falar", descreve.  O dicionário construído traduz Yawalapíti – Mehinako (outra língua indígena do povo Mehinako) – Português. A bolsista também registrou os cantos tradicionais do povo. Todo o material produzido será estudado nas escolas das aldeias Yawalapiti.

 


 

TAINARA MUNDURUKU 

Território Mundurukânia, Pará 

Projeto: Promover o processo de extração do óleo de copaíba para gerar um fluxo de renda que melhore a condição econômica e a qualidade de vida.  

Do povo Munduruku, na comunidade Alto Tapajós, o projeto de Tainara é voltada para a extração do óleo de copaíba. Os povos indígenas conhecem os benefícios da copaíba há centenas de anos, mas a extração ainda pouco qualificada pode prejudicar a qualidade e a comercialização do produto. “Ninguém nunca chegou para ensinar como é o correto da extração e pararam de extrair por falta de incentivo e oportunidades. Percebo que é muito grande a necessidade de boas práticas de extração dos óleos vegetais", conta.

Como resultado da iniciativa, a bolsista mapeou as copaibeiras da região, realizou capacitações para retirada de óleo de forma mais sustentável e oficinas de produtos feitos a partir da matéria prima. O projeto gerou um fluxo de renda para melhoria da condição econômica e da qualidade de vida dos participantes.

© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO

 


 

© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO

IRANILDE BARBOSA MACUXI

Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Roraima

Projeto: Enfrentar o problema ambiental da comunidade e restaurar os arrozais.

Iranilde é mestre em antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e tem uma participação política ativa na região em que vive. Macuxi da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ela acompanhou durante a vida a luta judicial histórica da demarcação da terra indígena que antes da homologação era ocupada por produtores de arroz e pecuaristas. Com a decisão histórica do Supremo Tribunal Federal, a terra foi demarcada, mas os ocupantes até então a abandonaram deixando passivos ambientais. O projeto de Iranilde trabalhou para restaurar a área, com a construção de viveiros e mudas e uma casa de apoio.

"Sinto e percebo que com este apoio posso proporcionar às famílias, jovens, crianças tanto da comunidade, como da região, um futuro melhor, conhecendo seus direitos e tendo oportunidade de construir neste meio ambiente degradado, plantar e transformar", afirma Iranilde.

 


 

LETÍCIA YAWANAWÁ

Terra Indígena Camicuã, Amazonas

Projeto: Formação de curso de pajé para resgatar a medicina tradicional e intercâmbio cultural com outros povos para aprimoramento de saberes.

Nascida na Terra Indígena Camicuã, Amazonas, Letícia se dedica há mais de 20 anos ao resgate e preservação da alimentação e saberes tradicionais do povo Yawanawá. A proximidade da aldeia com a cidade causou a perda cultural para as algumas aldeias da região. O projeto de Letícia foi voltado ao resgate do conhecimento que estava sendo perdido, promovendo plantio de plantas medicinais, curso de formação de pajés e de medicina tradicional para crianças, jovens e adultos, além de intercâmbio com outros povos da região.

“Durante o curso, compartilhar meu conhecimento sobre as plantas e ver a empolgação e o interesse dos jovens foi um lembrete do poder da educação e da transmissão de saberes. É um momento de grande responsabilidade e alegria para mim, ver como podemos fazer a diferença na vida das pessoas", conta.  

 

© CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL / ARQUIVO