CI-Brasil participa do lançamento da Conferência da Década dos Oceanos 2027 e reforça o protagonismo das mulheres na agenda marinha e climática
outubro 8, 2025

Durante o evento no Rio de Janeiro, uma moção conjunta em apoio à criação das Reservas Extrativistas (RESEX) do Rio Formoso (PE) e de Itacaré (BA) foi entregue à Janja Lula da Silva
Rio de Janeiro (RJ), 8 de outubro de 2025 — A Conservação Internacional (CI-Brasil) participou da cerimônia oficial de lançamento no Brasil da Conferência da Década dos Oceanos de 2027 (ODC2027), realizada no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro. O evento marcou o início das atividades preparatórias para a conferência aprovada pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO e reuniu representantes do governo, da sociedade civil, da academia, do setor privado e de organismos internacionais.
Organizada pela Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos (SEPPE/MCTI) em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a cerimônia reforçou o engajamento multissetorial do Brasil na construção de soluções baseadas em ciência oceânica e na integração entre oceano, clima e sociedade. A Conferência da Década dos Oceanos de 2027 é o marco de meio de ciclo da Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica (2021–2030), iniciativa da UNESCO que busca consolidar avanços, renovar compromissos e garantir que o oceano seja reconhecido e protegido como pilar essencial do planeta.
Entre os destaques da programação, a mesa “Legado Azul de Belém: mulheres, oceano e clima” posicionou o oceano como eixo estruturante da ação climática rumo à COP30 e à ODC2027, trazendo a perspectiva de gênero como elemento essencial para políticas públicas eficazes e justas.
Para Sabrina Costa, gerente de projetos do Programa Marinho e Costeiro da CI-Brasil, o momento simboliza uma virada na forma como o país enxerga a integração entre ciência, políticas públicas e justiça social. “As mulheres que vivem dos ecossistemas costeiros precisam estar no centro dessa agenda, porque são elas que, há gerações, protagonizam a conservação desses ambientes com seus modos de vida em harmonia com os ciclos naturais. A possibilidade de criação das RESEX de Rio Formoso e Itacaré, por exemplo, é um passo concreto nessa direção: conservar os ecossistemas é também garantir direitos das comunidades e de seus futuros.”
A Enviada Especial da COP30 para o tema Oceanos, Marinez Scherer, reforçou que a centralidade do oceano na agenda climática global é uma urgência. “Se não tivermos um oceano saudável, perdemos o nosso maior aliado no combate às mudanças do clima. O oceano regula o clima da Terra, sustenta modos de vida e é essencial para a agricultura e a biodiversidade. Ele precisa estar na COP, lado a lado com temas como florestas e energia e, eu tenho certeza, muitas dessas soluções virão das mulheres e muitas virão dos jovens.”
Gesiani Souza Leite Santos, liderança comunitária e coordenadora da Rede de Mulheres de Comunidades Extrativistas Pesqueiras da Bahia, destacou que a transformação da agenda climática só será possível com a presença ativa das mulheres que vivem nas regiões costeiras: “Não existe saída para a crise climática sem a participação das mulheres das marés e das águas. Somos as primeiras impactadas pelas mudanças do clima e pelos desastres ambientais, mas também somos as primeiras a responder, a cuidar e a proteger. Queremos estar na COP30 de forma qualificada, com voz e reconhecimento como parceiras estratégicas na construção das soluções”.
Janja Lula da Silva, Enviada Especial para as Mulheres na COP30, destacou a resiliência das marisqueiras e o papel das mulheres que vivem do mar:
“As marisqueiras passam horas dentro dos manguezais, muitas vezes contaminados, enfrentando riscos à saúde, mas continuam ali porque é dali que tiram o sustento e mantêm viva uma relação ancestral com o território. Mais do que provedoras, são protetoras do mangue. O oceano e as mulheres precisam estar no centro da agenda climática: nas decisões, nas soluções e na construção do futuro.”
MOÇÃO PELA CRIAÇÃO DE RESEX MARINHAS E COSTEIRAS
Durante o evento, a CI-Brasil e a Rede de Mulheres de Comunidades Extrativistas Pesqueiras da Bahia entregaram uma moção em apoio à criação das Reservas Extrativistas (RESEX) do Rio Formoso (PE) e de Itacaré (BA). “Proteger esses territórios é proteger o clima, a biodiversidade, a cultura e a vida”, afirma o texto que foi elaborado durante a Oficina de Salvaguardas Socioambientais de Carbono Azul e que foi entregue pessoalmente a Janja Lula da Silva durante o evento.
O documento destaca que essas unidades de conservação são fundamentais para a proteção dos manguezais, ecossistemas costeiros estratégicos para a regulação climática, proteção da costa e manutenção da biodiversidade além de assegurar os meios de vida de comunidades tradicionais de pescadoras e marisqueiras. A moção também reforça o protagonismo das mulheres na co-gestão dos territórios e a necessidade de integrar seus saberes na formulação de políticas públicas ambientais.
Com a aproximação da COP30, a CI-Brasil reafirma seu compromisso com a proteção dos ecossistemas marinhos e costeiros, a valorização dos saberes tradicionais e a inclusão das comunidades na governança ambiental, contribuindo para a construção de um legado azul que una ciência, justiça e participação social.
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