Nova Trilha Aquática Manguezais Amazônicos conecta conservação, turismo e geração de renda no Pará
outubro 1, 2025
Trilha aquática é conectada a trilha de longo curso de mais de 480 quilômetros apoiada pelo Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil)
Divulgação/ICMBio
Bragança (PA), 27 de setembro de 2025 – Foi inaugurada, no último dia 27, na Reserva Extrativista Caeté-Taperaçu, em Bragança (PA), a Trilha Aquática Manguezais Amazônicos (TAMA), a primeira trilha aquática em manguezais da Amazônia brasileira.
A nova trilha integra turismo de base comunitária, educação ambiental e conservação de um dos ecossistemas mais importantes e ameaçados do planeta: os manguezais, berço da vida marinha, fundamentais para a captura de carbono e para a proteção da biodiversidade.
O lançamento contou com a presença de representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), da Conservação Internacional (CI-Brasil), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio) além de autoridades, lideranças comunitárias, organizações locais e parceiros da Rede Brasileira de Trilhas. Após a cerimônia oficial, o público participou de um passeio inaugural de canoa pelo Rio Caeté.
“Uma trilha aquática é um percurso de modal aquático, ou seja, em que o piso é a própria água. Pode ser realizada em rios, canais de maré, estuários ou represas. O diferencial está no uso da água como meio de transporte, o que permite uma conexão direta com o ecossistema”, explica Denis Domingues, do Núcleo de Gestão Integrada Bragança (PA) do ICMBio.
O primeiro trecho inaugurado da trilha sai da comunidade do Arimbu, percorre o médio rio Caeté, alcança a cidade de Bragança e segue por comunidades estuarinas até entrar no estuário e chegar à Vila dos Pescadores, na praia. É um percurso de cerca de 80 km, realizado em modais aquáticos como stand-up paddle, canoas havaianas e caiaques.
A trilha se conecta à Trilha Amazônia Atlântica, um percurso com cerca de 480 km que conecta a capital Belém (PA) à Serra do Piriá, em Viseu (PA) e com visitas a comunidades tradicionais e quilombolas.
A Trilha Amazônia Atlântica surgiu a partir de uma iniciativa voluntária da sociedade civil, a Rede Brasileira de Trilhas, que impulsionou a criação da política pública do governo federal em 2018, a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas). Em 2019, surgiu formalmente Associação Rede Brasileira de Trilhas, responsável pela gestão dos percursos.
“A rede é uma iniciativa da sociedade civil e objetiva promover intercâmbio de conhecimento, conexão entre os diversos percursos e pessoas engajadas nesse grande movimento das trilhas de longo curso no Brasil”, destaca Erick Xavier, diretor de trilhas aquáticas da Rede Brasileira de Trilhas.
Camila Schluter, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), destaca a iniciativa como consolidação de um trabalho da sociedade civil. “Foi uma política pública que surgiu de um grande movimento e engajamento da sociedade civil sobre o papel das trilhas na conservação”, afirmou.
APOIO ÀS TRILHAS PELA CONECTIVIDADE DE PAISAGENS
Com o objetivo de apoiar melhorias na conectividade de paisagens da Amazônia, o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil) fortaleceu a Trilha Amazônia Atlântica, no Pará, e a Trilha Chico Mendes, localizada na Resex Chico Mendes, no Acre.
“O ASL Brasil veio para dar um impulso decisivo na sinalização, na estruturação, na comunicação e na governança da trilha, oferecendo não apenas recursos financeiros, mas também consultorias e direcionamento estratégico. Esse apoio foi um marco e representou um salto que demoraria muitos anos para ser alcançado apenas com esforços voluntários”, afirma Diego Barros, diretor de sinalização da Trilha Amazônia Atlântica.
Para a coordenadora de projetos da CI-Brasil, Symone Falcão, a nova trilha aquática reforça e amplia esse esforço, trazendo para dentro da Amazônia Atlântica um percurso único pelos manguezais, ecossistema vital para o clima e berçário de biodiversidade. “Será uma ferramenta importante para uso público, a serviço da conservação, valorização e geração de renda de comunidades tradicionais, que são beneficiadas pelo turismo responsável e respeitoso com a natureza”, comenta.
O apoio às trilhas colabora ativamente para melhoria da conectividade das paisagens no bioma, um dos principais objetivos do projeto e ganha relevância no contexto da COP30, que será realizada em Belém em novembro deste ano.
“Ao melhorar a conectividade das paisagens, fortalecemos a capacidade do bioma de mitigar os efeitos da crise climática. É um tipo de solução baseada na natureza que dialoga diretamente com as discussões da COP30 em Belém, mostrando como iniciativas locais podem ter impacto global”, complementa a coordenadora.
SOBRE A REDETRILHAS
A Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas) é uma ação do governo federal que busca conectar pontos de interesse do patrimônio cultural e natural brasileiro por meio de percursos de longo curso em todo o país. Criada a partir de um movimento voluntário da sociedade civil e oficializada como política pública em 2018, a rede ganhou reforço em 2019 com a fundação da Associação Rede Brasileira de Trilhas, responsável por implementar e gerir os trechos em diferentes biomas. Atualmente, o Brasil já conta com mais de 5,5 mil quilômetros de trilhas mapeadas e sinalizadas, o que consolida a RedeTrilhas como uma estratégia de conservação, turismo sustentável e valorização cultural.
SOBRE O PAISAGENS SUSTENTÁVEIS DA AMAZÔNIA (ASL BRASIL)
A Amazônia é essencial para a vida no mundo, mas sua paisagem está passando por mudanças que ameaçam seus ecossistemas. Para reverter esse cenário e contribuir com sua conservação e restauração, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por meio da Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBio/MMA), coordena o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil), executado pela Conservação Internacional (CI-Brasil), pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV Europe), em parceria com Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) e órgãos federais responsáveis pela gestão de áreas protegidas, além de coletivos de governança local.
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