[CI-Brasil na NYCW] Colaboração entre setores, investimento e inovação são essenciais para escalar a restauração, aponta painel mediado pela Conservação Internacional em Nova York

Nova York, 23 de setembro – O que é preciso para restaurar dezenas de milhares de hectares de floresta? Essa foi a questão central do painel “What it takes to restore tens of thousands of hectares of forest; from design and finance, onto delivery”, realizado nesta terça-feira no espaço Nature Hub durante a Semana do Clima de Nova York (NYCW). O evento reuniu lideranças de organizações que estão na linha de frente da restauração no Brasil e na América Latina. 

Mediado por Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional (CI-Brasil), o debate contou com a participação de Caitlin Clarke (BTG Pactual Timberland Investment Group), Thiago Picolo (re.green), Fábio Sakamoto (Biomas) e José Otavio Passos (The Nature Conservancy). Os painelistas compartilharam experiências que já estão ajudando a transformar paisagens em larga escala – do desenho e financiamento de projetos à colaboração multissetorial, o engajamento comunitário e a expertise técnica necessária para restaurar extensas áreas degradadas. 

O diálogo mostrou que o Brasil já avança com soluções concretas. Nos últimos anos, houve aumento expressivo de investimentos, crescimento da área em restauração e geração de benefícios para a biodiversidade. Também surgiram modelos de financiamento inovadores, com maior participação do setor privado. Um exemplo é a Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (Coalizão BRB), da qual a CI-Brasil é uma das fundadoras, que já mobilizou US$ 5 bilhões - metade da meta de US$ 10 bilhões até 2030. Outro caso inspirador é o trabalho do BTG Pactual TIG no Cerrado, que conta com a CI-Brasil como conselheira de impacto. 

Essas iniciativas se somam a projetos inovadores como os da re.green, que atua na Mata Atlântica e na Amazônia com modelos baseados em créditos de carbono e silvicultura de espécies nativas, e da Biomas, consórcio de grandes empresas brasileiras que aposta no crédito de carbono para financiar restauração no bioma amazônico. 

Para além da recuperação de áreas degradadas, a restauração de paisagens proporciona benefícios concretos para a economia e para a sociedade. Estudos indicam que o movimento pode gerar até 2,5 milhões de empregos no Brasil até 2030, uma oportunidade para unir proteção da natureza e desenvolvimento. No entanto, menos de 3% do financiamento climático global é destinado às Soluções Baseadas na Natureza (SBN), o que evidencia a importância das iniciativas debatidas para destravar recursos em escala. 

Segundo Bianco, o encontro reforçou a confiança de que o país está no caminho certo: "Neste painel de alto nível, vimos que nós temos objetivos e projetos concretos que vão mostrando como é possível diminuir a lacuna de investimentos que existem hoje para o clima, especificamente na restauração florestal no Brasil." 

Apesar dos avanços significativos, os painelistas foram unânimes: ainda é necessário ampliar o fluxo de capital, fortalecer parcerias entre setores e acelerar a inovação para multiplicar resultados mensuráveis. Ainda assim, as discussões mostraram que soluções para escala a restauração não apenas são possíveis, como já estão entregando resultados concretos, abrindo caminho para ampliar ainda mais os benefícios para o clima, a biodiversidade e as pessoas. 

New York Climate Week 2025 

Entre 21 e 28 de setembro acontece a New York Climate Week 2025 (NYCW), um dos maiores encontros globais dedicados a discutir respostas à crise climática. A programação reúne lideranças de governos, empresas, sociedade civil e comunidades em uma série de debates e eventos distribuídos pela cidade com o objetivo de impulsionar soluções climáticas concretas. 

Ao longo da NYCW, a CI-Brasil participa de painéis estratégicos para reforçar o papel das Soluções Baseadas na Natureza (SBN), articulando alianças que buscam acelerar a proteção de ecossistemas, a produção sustentável e a restauração de paisagens às vésperas da COP30.