[CI-Brasil na RCAW] Em painel sobre restauração, Conservação Internacional defende estruturação da cadeia produtiva, articulação em rede e gestão integrada dos territórios
agosto 26, 2025
Evento da Rio Climate Action Week (RCAW) reuniu lideranças do setor público e da sociedade civil para discutir como ampliar a escala da restauração no Brasil às vésperas da COP30.
Painel integrou o evento “Oportunidades e desafios para escalar a restauração”, organizado pela BVRio em parceria com a CI-Brasil e outras organizações. Foto: Breno Valle / Conservação Internacional.
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2025 – Abrindo as atividades da Rio Climate Action Week (RCAW), a Conservação Internacional (CI-Brasil) participou, nesta terça-feira (26), do painel “Integração de políticas e recursos para ampliar a restauração no Brasil”, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ). O encontro integrou o evento “Oportunidades e desafios para escalar a restauração”, organizado pela BVRio em parceria com a CI-Brasil e outras organizações, e reuniu lideranças do setor público e da sociedade civil para discutir caminhos para consolidar a restauração de paisagens no país, uma das estratégias fundamentais para combater a crise climática e a perda de biodiversidade.
A mesa contou com a presença de Viviane Figueiredo, gerente de projetos da Amazônia da CI-Brasil, Marcus Cardoso Santiago, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Rosa Lemos, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Rafael Loyola, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e Alberto Lopes, do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), com mediação de Roberta del Giudice (BVRio).
Entre os pontos levantados pelos participantes esteve a necessidade de fortalecer e profissionalizar a cadeia da restauração de forma integrada, incluindo o mapeamento de sua extensão e a oferta de insumos de acordo com as características dos territórios. A criação de espaços de visibilidade também foi mencionada como estratégia para ampliar conexões, atrair investimentos e dar mais protagonismo aos atores locais.
Nesse sentido, Viviane Figueiredo destacou a importância de políticas e iniciativas que estruturem a cadeia produtiva e organizem o mercado de ponta a ponta:
“Para que a restauração ganhe escala e permanência, não basta olhar apenas para o plantio no chão. É fundamental investir em toda a cadeia, desde o fomento à produção de sementes, mudas e assistência técnica até o apoio logístico para escoamento de produtos da restauração produtiva, como cacau e açaí. Isso aumenta engajamento comunitário dos projetos e gera renda. Iniciativas como o Restaura Amazônia, que além das atividades de restauração preveem obrigatoriamente ações de fortalecimento local da cadeia, são peças-chave nesse processo”, explicou, citando uma das parcerias da CI-Brasil com o BNDES.
Viviane reforçou ainda a articulação de atores e coletivos locais em redes de restauração, promovendo a troca de experiências, a valorização de conhecimentos dos territórios e a multiplicação de exemplos bem-sucedidos. Para ela, enxergar a paisagem de forma integrada é fundamental para catalisar sinergias entre iniciativas em andamento e ampliar tanto a escala quanto os benefícios da restauração.
A representante da CI-Brasil defendeu ainda a adoção do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) da restauração como mecanismo de engajamento comunitário para a manutenção consistente de áreas em recuperação. Porém, para que seja viável, é necessário assegurar fundos estáveis de longo prazo e assistência técnica qualificada no campo. Na visão de Viviane, o setor vive um período de aprendizado coletivo: “Estamos em uma curva de aprendizagem quanto aos novos modelos. É hora de testar, aprender e consolidar aqueles aplicáveis para então impulsionar a restauração no Brasil, sempre atentos às metas para 2030”.
A governança também foi apresentada como um dos elementos centrais para dar longevidade dos projetos de restauração. Iniciativas conduzidas por gestores confiáveis e apoiadas em parcerias sólidas com atores locais conseguem maior flexibilidade e eficiência na aplicação de recursos.
O debate reforçou ainda a importância de alinhar ciência, políticas públicas e arranjos financeiros. Traduzir evidências científicas em métricas de retorno sobre investimento foi citado como caminho para atrair capital privado para mecanismos como o mercado de carbono. Para tanto, são indispensáveis estabilidade regulatória, clareza nos compromissos nacionais (NDCs) e previsibilidade nas normas, oferecendo segurança e confiança aos investidores.
Por fim, a implementação do Código Florestal, que prevê a restauração de 21 milhões de hectares, foi lembrada pelo próprio público ouvinte como uma oportunidade para destravar a demanda e impulsionar a agenda. Se a regularização fundiária for corretamente implementada, é possível ir além da meta de 12 milhões de hectares em restauração prevista no Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG).
Espaços de diálogo como a RCAW são fundamentais para engajar diferentes atores-chave no avanço da implementação das Soluções Baseadas na Natureza (SBN), como a conservação de ecossistemas, produção sustentável e restauração de paisagens. Essas estratégias representam pelo menos 30% das ações necessárias para evitar os piores cenários climáticos, contribuem com a conservação da biodiversidade e geram benefícios diretos para comunidades e economias locais.
Rio Climate Action Week 2025
Entre 23 e 29 de agosto acontece a Rio Climate Action Week (RCAW), iniciativa independente inspirada no modelo pioneiro de Londres realizada em apoio à Presidência Brasileira da COP30. A programação reúne parceiros locais, nacionais e internacionais em atividades e eventos distribuídos pela capital carioca para apresentar soluções climáticas e mobilizar comunidades.
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