[CI-Brasil na Semana do Clima da Amazônia 2025] Painel reúne líderes de diferentes setores para discutir caminhos para uma transição sustentável na Amazônia

julho 17, 2025

Temas como financiamento, adaptação de sistemas produtivos e justiça social foram abordados durante o painel. Foto: Marcelo Freitas/IPAM.

Belém - Pará, 17 de julho de 2025 – Nesta terça-feira (15), a Conservação Internacional (CI-Brasil) participou do painel “Transição sustentável para a Amazônia: diferentes perspectivas” durante a Semana do Clima da Amazônia, que reuniu representantes do setor produtivo, de grandes empresas, do terceiro setor e da juventude amazônida. O debate buscou construir uma compreensão coletiva sobre o que significa transição sustentável para a região, passando por temas centrais como a transformação dos sistemas produtivos e a justiça social como pilar fundamental dessa mudança. 

Laura Lamonica, diretora de Soluções para o Clima da CI-Brasil e painelista do evento, destacou que uma transição sustentável precisa considerar o ponto de não retorno da Amazônia. Dessa forma, precisa estar alinhada à meta apresentada pela ciência de conservar ao menos 80% da floresta para garantir a função ecológica e climática. Para viabilizar a adaptação dos sistemas produtivos com esse objetivo, a diretora reforçou a centralidade e urgência de mobilizar financiamento, tanto de novos recursos quanto do redirecionamento de fluxos financeiros já existentes, como subsídios públicos.  

Laura defendeu que o setor público crie incentivos de longo prazo que permitam consolidar e ampliar iniciativas econômicas inovadoras já em curso nos territórios, mas que ainda operam de forma pontual e limitada. “As comunidades da floresta amazônica já colocam em prática respostas concretas para enfrentar os desafios do clima e da biodiversidade, o que falta é escala. Isso exige financiamento estável, políticas públicas consistentes e parcerias duradouras que valorizem essas soluções sustentáveis”, afirma Laura. 

Dados recentes mostram que menos de 3% do financiamento climático global é destinado às Soluções Baseadas na Natureza (SBN), justamente aquelas com maior potencial de gerar benefícios integrados para o clima, a biodiversidade e as populações locais. Para reverter esse cenário, é necessário garantir recursos públicos e privados direcionados a um modelo de desenvolvimento que mantenha a floresta em pé. Laura também compartilhou no painel as três recomendações prioritárias que organizações da sociedade civil apresentaram à presidência da COP30. 

O painel também contou com a participação de Karla Braga, do Instituto COJOVEM, que trouxe a perspectiva das juventudes e conectou as experiências locais com as negociações internacionais sobre transição com justiça social. Karla alertou para o risco de não haver perenidade nas soluções se as novas gerações não forem formadas e engajadas desde agora, defendendo o fortalecimento de capacidades como um elemento central. 

Já Fernando Sampaio, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, apresentou a visão do setor produtivo ao destacar a necessidade de combater ilegalidades na Amazônia e ampliar a rastreabilidade das cadeias produtivas, com apoio à adaptação de pequenos produtores. Ele também ressaltou como a regularização fundiária e ambiental são políticas públicas que reduzem riscos para investimentos e a implementação de mecanismos de finanças mistas (blended finance), fundamentais alcançar a escala da transição sustentável que visamos para o Brasil. 

Por fim, Carolina Domenico, da Natura, e Sarita Severien, da Suzano, compartilharam experiências concretas do setor empresarial relacionadas à inovação socioambiental, ressaltando como a colaboração com comunidades locais tem sido determinante para as organizações caminharem rumo às suas metas de conservação e restauração. Ambas reforçaram a necessidade de parcerias multissetoriais de longo prazo para viabilizar a implementação em larga escala de soluções sustentáveis. 

Com moderação de Lívia Pagotto, da Uma Concertação pela Amazônia, o painel trouxe perspectivas complementares sobre os desafios e ações prioritárias para a transição sustentável na Amazônia. A participação da CI-Brasil reforça o compromisso institucional com o avanço de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) como estratégia integrada de mitigação, adaptação e desenvolvimento territorial na floresta tropical. 

Semana do Clima da Amazônia 2025 

A Semana do Clima da Amazônia é uma iniciativa colaborativa de organizações da sociedade civil e do setor privado, da qual a Conservação Internacional é co-organizadora. Realizada em Belém (PA), entre os dias 14 e 18 de julho, a semana tem como objetivo construir soluções concretas para os desafios ambientais, sociais e culturais da região amazônica. 

Em um momento estratégico para o país, que sediará a COP30 em novembro, a iniciativa busca fortalecer a Amazônia como protagonista nas discussões globais sobre o futuro do planeta, com edições anuais e itinerantes em diferentes territórios da Amazônia Legal. 

 

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