Chegamos a um ponto de inflexão, é hora de ser parte da solução

setembro 5, 2019

Por Thiago Camara

​A Amazônia em chamas está no centro das atenções do mundo. Em 2019, foram as queimadas, que ocorrem de julho a outubro, quando o tempo está mais seco, que fizeram a maior floresta tropical do mundo ficar entre os temas mais comentados nas redes sociais e na imprensa nacional e internacional. Conversamos com André Nahur, diretor para a estratégia da Amazônia, da Conservação Internacional, que explica que a maior floresta tropical do mundo conecta todos os povos e é uma "região em um estado constante de conflito".

CI-Brasil- Como você avalia esse momento em que vivemos com a maior floresta tropical do mundo no centro do debate público?

André Nahur - A Amazônia é uma das regiões que atrai a atenção da sociedade brasileira e mundial pela necessidade de sua conservação e sua colaboração da manutenção de serviços climáticos e ambientais fundamentais para a qualidade de vida das pessoas e de setores fundamentais para a economia nacional e internacional. Não é a primeira vez que a Amazônia está em foco no debate público, em 2017, tivemos a campanha internacional contra a redução de Áreas Protegidas no Governo Michel Temer para abrir novas áreas de mineração. Em 2016, a Amazônia e seu folclore estiveram na abertura das Olimpíadas, no Rio de Janeiro. E nos governos Lula e Dilma, questões associadas à aprovação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e outras obras de infraestruturas, alterações no Código Florestal, expansão desordenada de fronteiras agrícolas e disputas fundiárias, sempre colocaram a região em um estado constante de conflito.

Neste momento, os olhos do mundo se voltam para a Amazônia em um contexto de urgência. Estamos chegando perto de pontos de não retorno climático e de desmatamento que poderão atingir um nível de impacto que pode comprometer a sustentabilidade da região para sempre. Com um cenário de polarização política da sociedade, é importante reforçar que a Amazônia é um interesse e um patrimônio brasileiro fundamental para a manutenção da sociobiodiversidade e da economia nacional, e que agora temos mais uma oportunidade de ter um olhar mais cuidadoso para uma região que está em conflito constante nas últimas décadas.

CIB - Quais são os maiores desafios de se trabalhar com e na Amazônia?

AN - A Amazônia tem diversos desafios que passam desde problemas na regularização fundiária, governança frágil, alto nível de desigualdade social, grande pressão por retirada ilegal de madeira e expansão desordenada de comodities agrícolas. Apesar de muitos inciativas estarem sendo desenvolvidas por diversas organizações na região há décadas, neste momento é fundamental ganhar escala em um modelo que mostre que manter a floresta em pé é mais vantajoso que desmatar. Essa matemática não é simples, mas neste momento será a grande mudança para garantir a manutenção da floresta amazônica.

CIB – Com os olhos do mundo voltados para a Amazônia, como o trabalho da Conservação Internacional pode fazer a diferença?

AN - Neste momento a Conservação Internacional tem um papel fundamental em gerar conteúdos com forte embasamento científico, conectando iniciativas inovadoras de produção sustentável no região da Bacia do Rio Tapajós e em diversas áreas dentro do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, para que possamos mostrar que é possível promover um modelo de desenvolvimento na Amazônia que concilie respeito e justiça socioambiental com desenvolvimento econômico. Com sua a capacidade técnica, de articulação estratégica e de comunicação, a Conservação Internacional pode ajudar a promover essa nova economia para a região.

CIB- De que forma as pessoas que não vivem na Amazônia podem se sentir parte e ajudar na conservação da maior floresta tropical do mundo?

AN - Todos estamos conectados de alguma maneira à ameaça contínua e aos conflitos na região amazônica. Se queremos ser parte da solução e não do problema, temos que nos engajar de diferentes maneiras. Primeiro, temos que reavaliar nosso modo de consumo, pensar na pegada ambiental do nosso alimento, da nossa energia e de tudo que consumimos, pequenas mudanças no nosso modo de consumo além de ter grandes mudanças são também um posicionamento político.

Segundo, é fundamental nos tornarmos vetores da mudança que buscamos, e para isso precisamos disseminar informações e conteúdos com veracidade e relevância sobre o tema, nas mídias sociais, nos contextos familiares e nos engajar nas pautas políticas relacionadas ao tema. E em terceiro, buscar mais informações para saber como se engajar em todas as iniciativas que temos na região amazônica.

 

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